Interessante refletir sobre esta coincidência, porquanto indicam uma proposta de renovação de esperanças e olhares mais atentos voltados à beleza das paisagens, sejam urbanas ou não.
Criada em 1997, na França, a distinção da data teve como fundamento promover em forma de manifesto e de testemunho que, pelo menos por um dia, as pessoas reflitam e deixem seus carros em casa e se locomovam a partir de formas alternativas de mobilidade, incluindo, preferencialmente, transportes ativos.
À partir do ano 2000, a data passou a ser adotada por inúmeras cidades pelo mundo de forma organizada, levando a uma cada vez maior e intensa crítica social ao modelo de consumo do espaço urbano, em oposição à imobilidade urbana e avessa à hegemonia do automóvel e seu uso desinteligente.
Clamores se somaram à iniciativa ampliando a noção de uma cidade mais humanizada, um ambiente urbano menos caótico e poluído, além de incentivar que as pessoas optem por mover-se ativamente, desde caminhadas, usando a bike, de patins ou roller, skate ou outro meio.
Ressignificar as ruas, então, passou a ser uma ideia tão bem vinda quanto necessária, e ousamos pensar que mais do que optar pela bike por um dia trata-se ainda de uma escolha individual pela saúde particular, coletiva e das cidades.
Cremos que estamos fazendo nossa parte por uma cidade melhor, por um mundo melhor, mas prioritariamente, por um ser humano melhor, pois a opção atinge a cada cidadão que a tomar e impacta a sociedade onde esteja inserido.
Comemorações ativistas como estas reforçam a necessidade de mudanças nas relações desiguais nas cidades, assim como enaltecem a urgência de se repensar a acessibilidade, o direito de ir e vir, a ambiência humanizada da urbes e a gestão dos espaços urbanos, além de fazer das cidades lugares mais bonitos, pelo menos por um dia.